O verdadeiro espírito olímpico
O que eu gosto nos jogos olímpicos é que uma pessoa liga a televisão e de repente está a ver um desporto de que nunca ninguém se lembra. No outro dia, eram dois gajos com raquetes a atirar uma pena de ganso de um lado para o outro de uma rede. Isso, badminton. Hoje, estive a ver o halterofilismo. Gajos com uma pança maior que a minha a levantarem 200kgs no ar. É bonito. Infelizmente, pus-me a pensar nos milhares e milhares de pessoas que nunca hão-de chegar aos Jogos Olímpicos. Especialmente nas pessoas que passam vidas e vidas atrás de computadores, também eles a jogar, mas outros tipos de jogos. Digam lá, não era fenomenal ter umas olímpiadas de jogos de computadores? Uma espécie de paralímpicos para nerds. Não sei quanto às audiências, mas seria certamente muito mais interessante.

"Bem vindos à final de torneio de Quake. Oito jogadores defrontam-se num cenário criado especialmente para o efeito. Este na imagem é Malané Mossumu do Zimbabwé. É o número quatro do ranking mundial. Qualificou-se com 117 frags no Open de Amsterdão. É um jogador que prefere recolher muitas armas ao início para as descarregar com violência em cima dos adversários. Aqui temos Justin Faray, um dos três membros do contingente norte-americano nesta final. Ele detém o recorde olímpico de 127 frags nesta prova dos 30 minutos. Na prova de Capture the Flag, ele foi o capitão da selecção norte-americana que ficou em quinto lugar, isto depois daquele jogo contra a equipa portuguesa em que os americanos ganharam por 30-17. Tem um estilo de jogo muito cuidadoso, ficando muitas vezes parado e escondido para eliminar cirurgicamente os adversários, como o pode comprovar o português F. Eve, que foi eliminado por ele 56 vezes, como já dissemos, no jogo da fase de grupos. E... começa. Eles começam a recolher armas. Lembro que os jogadores não conhecem este cenário. De Veen já tem um frag, é agora o segundo frag para o holandês, que é prontamente abatido por Faray e... sobe para 3 com um telefrag!"

Fascinante. E as entrevistas, senhores, as entrevistas:
"Temos connosco M. Knolan, que conquistou uma brilhante medalha de prata em Neverwinter Nights para Portugal. Diga-nos, Knolan, foi difícil?", "Eu não quero levantar suspeitas, mas é óbvio que houve algo de estranho nesta final. O meu oponente pode escolher a plataforma em que ia jogar, enquanto a mim me disseram que só havia uma máquina com o WinXP. Toda a gente sabe que prefiro jogar em Mac. Isto é tudo um complot dos Americanos para conquistarem mais medalhas, o Bill Gaitas deve ter um contrato com eles ou o camandro! É tudo uma data de gatunos! CHUPISTAS! PANILAS! (recupera a compostura) É óbvio que vamos apresentar queixa ao Comité Infolímpico e depois logo se vê", "Obrigado, Knolan. Fique connosco, caro telespectador. Daqui a meia hora, vamos ter a partida da medalha de bronze em Carmageddon em que vai estar presente o português J. Bogas contra o atleta Makali, do Burkina Faso. Pode ser a quinta medalha para Portugal, nestes jogos Infolímpicos. De Madrid, Cesário Borga, para a RTP".
- posted by Bogas @ 00:41 | 0 comments