Se nao gostas, cospe!
segunda-feira, junho 27, 2005
Dumb and dumber
Um dos dois grandes hábitos que adquiri no meu desterro nesta cidade a que alguém, notavelmente ébrio, convencionou chamar a "capital de Portugal" foi o de comprar jornais. (O outro envolve vestuário de cabedal e bares "alternativos" no Bairro Alto e não é para aqui chamado). Nomeadamente, dois que nunca deixo de comprar são o Inimigo Público às sextas (sim, eu sei que vem com uma data de folhas à volta que nunca percebi muito bem para que servem) e o Diário de Notícias à segunda. Daqui se depreende que gosto de jornais humorísticos. Sim, porque há toda uma nova dimensão no DN à segunda feira, muito por mérito de dois colunistas: João César das Neves e Luís Delgado (este último escreve todos os dias, mas não posso comprar o jornal todos os dias: os piercings para os mamilos andam caros).
Vejamos, por exemplo, a coluna de hoje de João César das Neves (JCN): começa por dizer, na essência, que a nossa liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros. Até aqui, tudo bem. Depois, continua: "A família é aquele campo em que, tolamente, a sociedade moderna preconiza uma liberdade radical, sem limites. Precisamente no aspecto humano mais influente e na área onde, historicamente, mais hábitos e prescrições vigoraram, defende-se hoje, em maciças campanhas mediáticas, o libertarismo mais absoluto". Porque, como é óbvio, a história justifica tudo. Aliás, historicamente, Angola, Moçambique, Brasil e quejandos eram todos nossos e deviam continuar a ser. Malditos independentistas, pá! Vejam lá o que os pretos fizeram àquilo! Suponho que JCN também defenda a mutilação genital feminina porque, historicamente, faz todo o sentido! Já agora, alguém viu por aí essas maciças campanhas mediáticas? "Seja libertário, case com alguém do seu sexo!" (Este também é o homem que diz que os cristãos hoje são mais perseguidos que nunca, - como se viu pela cobertura quase clandestina que teve o funeral de João Paulo II - o que me leva a pensar que ele escreve as suas crónicas algures de uma cápsula do tempo em Roma, 128 DC). "Enfraqueceu-se o matrimónio pelo divórcio e pelas uniões de facto" (Maldito divórcio, isto era muito melhor quando as mulheres comiam porrada dos maridos e calavam-se) "Agora pretende-se descaracterizá-lo com o casamento de homossexuais. Qualquer aliança entre duas pessoas passaria a ser considerável como casamento" Claro, vou ali casar com o meu pai e já volto! "Mas no campo sexual a única regra admissível é fazer-se o que se quer, sem ninguém ter nada a ver com isso" Daqui se depreende que JCN tem um interesse fantástico pelo que eu faço acompanhado no meu quarto. Um conselho, meu amigo: o Cinebolso é no Saldanha e tem sessões contínuas a partir do meio dia e meia. É capaz de ser bem mais interessante. "Não é assim no tabaco, automóvel, bebida..." (Não me posso embebedar o quanto eu quiser? Então? Saiu alguma nova lei que eu não conheça?) "...economia, em todo o lado. Mas no sexo tem que ser" Porque, claro, se eu quiser ir para a cama com outro gajo, isso prejudica tanto os outros como fumar ao lado de um não-fumador, conduzir em contra-mão, beber... (não me consigo lembrar de nada para esta, a sério) ou pagar aos meus trabalhadores cinco cêntimos por hora.
Saltando um parágrafo (bocejo), chegámos à minha parte preferida: "A mulher é sempre a grande sacrificada. Vivemos no tempo que mais a agride, despreza e oprime." Isto só podem ser mais sintomas de jet-lag das viagens no tempo. "O facto passa despercebido porque tudo é feito em nome da sua libertação" Como é óbvio, foi um erro perguntar às mulheres o que é que elas queriam, afinal, aí por volta dos anos 60 do século XX. Os homens como JCN é que sabem o que é a libertação da mulher. "A opressão actual da condição feminina é fácil de demonstrar. Quais as principais vítimas da degradação da família?" (Sei lá! Os filhos? O homem que, habitualmente, tem de pagar à mulher uma pensão de alimentos durante o resto da vida e só pode ver os filhos aos fins de semana e feriados?) "Da liberalização do aborto?" (Aqui são as mulheres, claro. Porque já se sabe que só aborta quem é obrigada a isso) "Da banalização da pornografia?" (As empresas que vêm o produto pirateado na Net a pontapés?) "Objectivamente, a nossa cultura de ambição, violência e competição é, em múltiplos aspectos, diametralmente oposta aos valores femininos" Os valores femininos incluem, então, não ter ambição e não competirem nem lutarem por nada na vida... "A mulher foi influente em épocas que preferiam a honra ao sucesso, a estabilidade ao progresso, a beleza à eficácia, a tradição à novidade". Ah, a bela da tradição... Eu gostava de saber que épocas são estas, a sério que gostava (e, já agora, quais foram as mulheres influentes de que se fala).
"Vivemos há décadas um esforço intenso para mascarar como natural um modo de vida promíscuo, hedonista, descomprometido" Esforço intenso? Não me lembro de ter feito nenhum esforço... "Esta filosofia nada tem de moderno. Ou feminino" Este homem é um verdadeiro conhecedor do feminino. Suspeito até que tenha sido mulher antes da operação. "A 'mulher desinibida' é a realização do sonho mais machista de Casanova e Don Juan, em nome da paradoxal 'libertação da mulher'". Pois é, belos tempos em que Casanovas e Don Juans tinham dificuldades em engatar as mulheres porque elas eram todas enconadas. Isto agora é muito pior. Upa, upa.
Podem ler o resto do artigo no link, deixo-vos só com mais esta pérola: "Vive-se a própria negação da identidade feminina, exaltando homens efeminados e mulheres másculas". OK, confesso, gosto da música dos Placebo, mas no dia em que me virem a exaltar uma mulher máscula, atem-me a uma árvore, reguem-me com gasolina e acendam um fósforo.
Comentário final: gosto especialmente como este homem fala (e, freudianamente, quase que escrevi 'falha') das mulheres como se fossem um bloco e pensassem todas da mesma maneira. Isto o que era preciso era um Salazar a cada esquina, isso sim!
Quanto a Luís Delgado, poupo-vos a citação (podem lê-lo aqui). Só vos digo que este era o mesmo homem que exaltava Durão Barroso e Santana Lopes como se eles fossem os salvadores anunciados e que, agora que as cores governamentais mudaram, se põe a exaltar tudo o que é Sócrates e cor-de-rosa. A sério que pensava que ele era o grande neo-conservador português, mas agora vejo que ele é simplesmente o maior lambe-botas à face da Terra.
(E acho que, com este, bati o recorde de maior posta de sempre neste blog!)
sexta-feira, junho 24, 2005
"Daqui não saio, daqui ninguem me tira"
Eu cada vez conheço gente mais estranha. Hoje entrou-me uma senhora pela loja dentro, muito chateada. "Era para ser hoje" disse, referindo-se à barriga proeminente que carrega há já algum tempo (10 meses e qq coisa para ser mais precisa). Sim ouviram bem. 10 meses - e a criança nem parece tar para ai virada. A verdade é que a senhora já teve contracções, contracções outra vez, e dois internamentos marcados, para ter o puto que qualquer dia sai já de bigode e coçar a bela da micose (que isto de nao fazer nada tb pode fazer micoses). E eu maravilho-me com a fantástica resistência do crianço a querer conhecer o mundo cá de fora. E penso que se calhar ele é que tem razão - com a crise que ai vai, o aumento da taxa de IVA e quejandos, estavamos bem era na barriga das nossas mães...
quinta-feira, junho 23, 2005
Desculpem, isto é do sono
P: O Super-Homem acaba de resolver um crime e anda à procura de uma cabina telefónica para reverter à sua identidade secreta, só que se engana e, em vez disso, entra numa sauna. Como é que ele sai de lá?
R: Como Clark Quente.
terça-feira, junho 21, 2005
Mainada! És o mé erói!
"Não acredito nisto! Estás a tentar favorecer o pessoal da tua terra, e mais: eu já jogo Magic há 18 anos e isto nunca me aconteceu!"
(Dois esclarecimentos para os não-iniciados:
1) Isto passou-se em Beja, que como toda a gente sabe, para mim é no Norte
2) O jogo de cartas Magic: The Gathering comemora este Verão o seu 12º aniversário)
domingo, junho 05, 2005
Não, nem eu consigo imaginar um título para esta
Conversa entre duas mulheres:
- Então, quando é que vamos à praia?
- Não sei, temos para aí de combinar os períodos.
E depois, fugi.