Se nao gostas, cospe!
quarta-feira, julho 02, 2008
 
Rapsódia para uma manhã lisboeta
Fascina-me o trânsito em Lisboa. Aqui estamos, na capital, a cidade neste país que tem mais vias de comunicação por metro quadrado e onde há mil maneiras de ir ao ponto A ao ponto B e toda a gente consegue ir pelo mais congestionado. Creio que o lisboeta médio pensa no seu caminho para o trabalho mais ou menos nos seguintes termos "Ora, acordo, saio de casa, estou meia hora na fila e aproveito para ler mais um canto dos Lusíadas, tomo o pequeno almoço, vejo as gordas e vou trabalhar, já atrasado". (Para quem não costuma ler jornais: "gordas" refere-se às manchetes dos ditos cujos, não a senhoras avantajadas que possam estar a passar na altura. Pelo menos, para a maioria das pessoas).
Para mim, que enfrento o trânsito de manhã e à tarde e sempre no sentido de quem entra em Lisboa, isto parece-me motivo para estudos sociológicos. É possível que nós, criaturas de hábitos, sintamos a falta da fila para o trabalho como sentimos a falta do café de manhã? Será por isso que noventa por cento das pessoas que aqui trabalham tiram férias em Agosto, para não terem que enfrentar a cidade sem filas? E será por isso que as vão replicar no Algarve, em plena Avenida de Vilamoura? Alguém com formação que pegue no assunto, ófaxavor!

(E perguntam vocês, "Ó, Bogas, mas tu não trabalhas à noite? Porque é que enfrentas com tanta regularidade o trânsito de manhã? Não devias estar a dormir?", ao que eu respondo "Sabem, é que há uma gaja...". Para benefício dos leitores masculinos, devo acrescentar: o sexo é fenomenal).

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