Se nao gostas, cospe!
terça-feira, julho 15, 2008
 
Isto vinha hoje no Global Notícias...
"“Em relação à carta de um leitor sobre os ‘casais homossexuais’, tenho a dizer que é animador que haja alguém como a dr.ª Manuela Ferreira Leite, que sabe distinguir o saudável do patológico, o normal do anormal, o natural do contra-natura. Podem surgir pessoas a justificar o injustificável, com chavões do género ‘orientação sexual’,‘opções’ e mais não sei o quê, que não vergarão as pessoas sensatas.”
MANUEL JUSTINO
ERMESINDE

O quê? Há alguém que escreve uma carta destas, há alguém num jornal que resolve publicá-la e vocês ainda estão à espera de uma piada?
quarta-feira, julho 02, 2008
 
Rapsódia para uma manhã lisboeta
Fascina-me o trânsito em Lisboa. Aqui estamos, na capital, a cidade neste país que tem mais vias de comunicação por metro quadrado e onde há mil maneiras de ir ao ponto A ao ponto B e toda a gente consegue ir pelo mais congestionado. Creio que o lisboeta médio pensa no seu caminho para o trabalho mais ou menos nos seguintes termos "Ora, acordo, saio de casa, estou meia hora na fila e aproveito para ler mais um canto dos Lusíadas, tomo o pequeno almoço, vejo as gordas e vou trabalhar, já atrasado". (Para quem não costuma ler jornais: "gordas" refere-se às manchetes dos ditos cujos, não a senhoras avantajadas que possam estar a passar na altura. Pelo menos, para a maioria das pessoas).
Para mim, que enfrento o trânsito de manhã e à tarde e sempre no sentido de quem entra em Lisboa, isto parece-me motivo para estudos sociológicos. É possível que nós, criaturas de hábitos, sintamos a falta da fila para o trabalho como sentimos a falta do café de manhã? Será por isso que noventa por cento das pessoas que aqui trabalham tiram férias em Agosto, para não terem que enfrentar a cidade sem filas? E será por isso que as vão replicar no Algarve, em plena Avenida de Vilamoura? Alguém com formação que pegue no assunto, ófaxavor!

(E perguntam vocês, "Ó, Bogas, mas tu não trabalhas à noite? Porque é que enfrentas com tanta regularidade o trânsito de manhã? Não devias estar a dormir?", ao que eu respondo "Sabem, é que há uma gaja...". Para benefício dos leitores masculinos, devo acrescentar: o sexo é fenomenal).
 
Coupling
É impressionante o que até o mais ressabiado dos homens é capaz de fazer por causa de uma mulher. Para as mulheres, claro. Qualquer homem que pergunte a outro "Porque raio é que andas no Bairro Alto às 2 da manhã usando apenas um tutu e umas meias brancas com raquetes?" e receba a resposta "Sabes, é que há uma gaja..." nem deixará o amigo acabar a frase e limitar-se-á a acenar a cabeça com ar compreensivo e a seguir o seu caminho. Já todos estivemos lá.
O mais fantástico disto tudo é que nenhum homem assumirá que está apaixonado pelo menos até ao dia do casamento. "Mas o que é que vês naquela mulher?", e há várias respostas possíveis, por exemplo: "É que ela faz umas coisas com a língua"; "Já me viste bem aquele par de mamas?" ou o clássico "Ela pode ser vesga e ter uma corcunda, é verdade, mas na cama é imparável". Nunca um homem revelará a outro em conversa "Pá, é o sorriso dela" ou "Já me viste bem aqueles olhos? Consigo-me perder neles horas a fio" ou ainda "Não consigo explicar, ao pé dela sinto-me outra pessoa". Há sempre o "Ela faz-me feliz", o que é um agradável compromisso e tem mais que uma interpretação. Uma resposta desambígua que não involva sexualidade é que não. Porque convenhamos, é roto.

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